segunda-feira, 29 de novembro de 2021

Quais são os mitos mais comuns sobre a musculação?

 

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Malhar é uma prática incrível, porém, como tudo na vida, precisa de certos cuidados. As academias são cheias de pessoas que, por treinarem há anos, acham que são especialistas nos exercícios e nas técnicas, ou seja, acabam por propagar alguns mitos sobre a musculação.

Infelizmente, é comum no meio esportivo alguns atletas e praticantes acharem que são donos da verdade e que podem falar com propriedade sobre assuntos que na realidade não dominam. Com isso, confira bons exemplos de situações e até boatos que circulam nas academias que são problemas!

Quais são os mitos sobre a musculação?

Abdominal é o único exercício que queima gordura, só homem pode malhar e demais situações baseadas em experiências pessoais. Esses são alguns exemplos dos mitos sobre a musculação que circulam nas academias. Veja abaixo outras 10 situações que não são verdades:

1. Cada série com 15 repetições

Uma situação genérica que acontece com pessoas novas em quase todas as academias são as séries fixas com 15 repetições, contudo, isso não é necessário. Os exercícios são planejados de acordo com os seus objetivos, então quem te dá o suporte no local de treino vai montar uma ficha que seja viável para alcançar as suas metas.

Outro ponto importante é que o músculo não sabe contar, logo, a repetição vai de acordo com o seu físico. 15 repetições é o que normalmente vai gerar a falha muscular, então é comum sentir o limite do corpo com uma série nesse valor.

2. Quanto maior o treino, maior o crescimento

Exagerar no treino só vai fazer com que o praticante tenha a síndrome do overtraining e não crescimento, então cuidado com o excesso, ainda mais se for uma prática diária. Prestar atenção no corpo é essencial para não ter problemas na saúde do corpo e da mente.

Os exercícios são pensados de acordo com a estrutura e capacidades de cada um, logo, intensidade, peso e demais variáveis são estabelecidos para que consiga evoluir sem sobrecarga, então não ache que será um bodybuilder com 3 meses intensos de treino!

3. Adolescente não pode malhar

A fase de crescimento de todas as pessoas passa por altos e baixos, e muitos pais (e até pessoas em geral) acreditam que a musculação pode afetar o desenvolvimento dos jovens, logo, academia não é permitido nesse período.

Contudo, saiba que a prática agrega muitos benefícios para o corpo, desde que seja bem orientada e com o devido acompanhamento profissional. Além de combater o sedentarismo, é possível trabalhar a consciência corporal e até se autoconhecer, questões fundamentais para um bom desenvolvimento pessoal!

4. Treino masculino é diferente do feminino

Cada treino está de acordo com os objetivos pessoais de quem faz musculação. Gênero não é um fator para diferenciar os exercícios ou a prática em si, ou seja, não há motivos para treino masculino ser oposto ao feminino.

É possível uma mulher querer treinar glúteos e um homem também. Ambos podem malhar para chegar na hipertrofia e por assim adiante. A diferença que pode surgir é no peso ou nas repetições, mas isso está de acordo com as capacidades físicas e individuais de cada um, não com o sexo!

5. Menos de 1 hora não dá resultado

Mais um fala que está nos mitos sobre a musculação! É comum aliar horas de treino com impactos positivos, mas saiba que isso não é um fator que limita os resultados. É importante ter frequência e executar os exercícios da maneira correta para ter os estímulos e progredir pouco a pouco, mas saiba que é possível fazer isso com menos de 1 hora. Exemplo bem comum é o treino HIIT, de curta duração e com ótimos resultados!

6. Só ganha músculo com o auxílio de peso

A característica principal que está no imaginário da academia são os aparelhos ou exercícios que usam peso para ganhar músculo. Porém, é importante ressaltar que não é apenas essas ferramentas que podem ajudar na hipertrofia.

Existem práticas como a calistenia, que são feitas em ambientes iguais às academias e só utilizam o próprio corpo para realizar o treino, e ainda assim é possível ganhar músculo! Vale ressaltar que existem exercícios que ajudam no ganho de músculo, como flexão de braço, barra fixa e outros que estão nas aulas de musculação e são grandes aliadas para a hipertrofia.

Ou seja, nada de pensar que só com peso é possível ganhar músculo!

7. A melhor opção de treino é o instintivo

Existe um estilo de treino que é conhecido como treino instintivo. Ele é baseado na sensação das pessoas durante a sua prática, ou seja, a intensidade vai de acordo com as capacidades físicas do indivíduo no dia. Se aguenta, pega mais peso, caso contrário, os exercícios são leves.

Porém, vale lembrar que os treinos são pensados na evolução e adaptação do organismo de cada praticante, então a resposta ao estímulo será diferente a cada dia que passa. Tome cuidado com esse tipo de treino!

8. Se mulher treinar braço, vai ficar igual homem

Independente do sexo, cada um tem seus objetivos e gostos pessoais, logo, se a mulher deseja treinar braço para ficar forte, ela será uma pessoa com a musculatura superior definida. A estética contemporânea coloca corpos esculpidos apenas na figura do homem, então, se a mulher começa a crescer muito, ela está tentando ficar semelhante a ele.

Deixe o preconceito de lado e viva a vida da maneira que te faça feliz. Se você é mulher e quer treinar braço, siga os seus objetivos para chegar nos resultados!

9. Treinar de manhã é o melhor horário

O treino adequado é no horário que está disposto, e isso pode ser na manhã, tarde ou noite. Não se estresse achando que resultados só irão surgir se treinar logo cedo, pois quem fala isso está mentindo. Coloque a prática como algo da rotina, então tenha um horário reservado para a musculação!

10. Músculo só cresce com suplementos

Por fim, um dos mitos sobre a musculação que ainda é frequente é sobre o uso de suplementos para a hipertrofia muscular. Muitos blogs, atletas e até profissionais colocam que o uso do suplemento é necessário para evoluir, mas saiba que isso não é uma obrigação!

Quem deve te dar suporte para esse assunto é um nutricionista, então se a sua alimentação já tem todos os grupos de alimentos, minerais e vitaminas, não há motivos para ingressar com a suplementação. Muito cuidado com quem divulga que a hipertrofia só é possível com musculação e suplemento proteico, pois existem outros fatores que ajudam e atrapalham na evolução.

Ou seja, se você já se deparou com as situações acima, é bom ficar atento, pesquisar ou conversar com um profissional qualificado para não construir ideias erradas sobre a musculação!

 materia publicado originalmente no site www.treinus.com

Como o burnout afeta o seu rendimento esportivo?

 

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Já parou para pensar que o seu dia a dia de treinos pode estar pesado demais? Ou até mesmo que  o seu corpo está exigindo mais do que sua mente está preparada no momento? Sensação de esgotamento, ansiedade, insônia e ao mesmo tempo rotinas intensas de treinos. Tudo isso pode ser sintoma da síndrome de burnout esportivo, um distúrbio psíquico causado pela exaustão extrema, sempre relacionada ao trabalho de um indivíduo. 

Essa condição também é chamada de “síndrome do esgotamento profissional” e afeta quase todas as facetas da vida de um indivíduo, inclusive no esporte.

Burnout no esporte

De acordo com a psicóloga do esporte, Letícia Capuruço, o burnout no esporte se desenvolve como consequência ou manifestação de um estresse excessivo e crônico e apresenta exaustão física e emocional em que há uma sobrecarga associada às demandas de treinos, viagens e competições, reduzindo o senso de realização esportiva. Além disso, o atleta pode alcançar o estágio de desvalorização esportiva, quando para de se preocupar com o seu rendimento e com o seu envolvimento dentro do meio esportivo. 

Suas causas estão relacionadas principalmente às dificuldades de relacionamento com o treinador, altas demandas competitivas, monotonia dos treinamentos, falta de habilidades esportivas, decepção das expectativas iniciais com os resultados finais obtidos, interesses financeiros dos pais, ausência ou redução da vida pessoal fora do esporte, falta de apoio de familiares e amigos, excessivas demandas de energia e tempo, sentimento de isolamento frente à equipe técnica e, finalmente, carência de reforços positivos pelos resultados conseguidos.

A profissional também reforça que a queda de rendimento pode ser um sintoma claro de burnout esportivo. “A pressão por vitórias aumenta o estresse, e a ausência de resultados positivos pode levar à saturação desencadeadora da síndrome, que possui como uma de suas principais consequências a desistência da atividade competitiva, atitude conhecida como dropout, ou seja, o abandono do esporte em virtude da falta de prazer, de recompensas estáveis ou reduzidas, de custos elevados, de pouca satisfação, do aumento de alternativas e de baixo investimento em relação à carreira atlética”, alerta Letícia.

Será que estou com burnout?

Para identificar a síndrome de burnout, deve-se levar em consideração as três formas em que ela pode aparecer: física (como a falta de apetite), psicológica (ansiedade e irritabilidade) e comportamental (dificuldade de concentração e isolamento). Há ainda uma mistura dos três tipos de sintomas.

Físicos: falta de apetite, cansaço, insônia, gastrite, úlceras.

Psicológicos: ansiedade, irritabilidade, depressão, frustração.

Comportamentais: falta de flexibilidade para lidar com dificuldades do cotidiano, hostilidade, dificuldade de concentração, aumento de conflitos, falta de vontade de ir ao trabalho, vontade de fazer longas pausas de descanso, apatia em relação ao técnico e ao clube, no caso de atletas, isolamento, exaustão emocional.

Como treinar o corpo sem sobrecarregar a mente?

Para se proteger do desgaste emocional, o atleta pode prevenir ou controlar o burnout a partir do processo cognitivo de reconhecimento e avaliação e estratégias de enfrentamento dos fatores geradores de estresse no ambiente esportivo. “Os jovens atletas, especialmente as crianças, devem evitar o aprofundamento prematuro e buscar a formação multilateral, com a prática de diversas modalidades esportivas. Outra opção para evitar a síndrome em atletas é apostar em estratégias de coping, que são mecanismos de enfrentamento em relação a situações de cobrança, dano ou ameaça, e inovar para tornar as atividades mais prazerosas.” explica a psicóloga.

O(a) profissional de educação física também tem um papel importante nessa prevenção. “O treinamento técnico tem que ser capaz de formar valores, de formar seres humanos íntegros, preservando sempre sua saúde física, mental e psíquica e com qualidade de vida. Não basta formar um atleta campeão mundial aos 14-15 anos e que com 18 anos esteja abandonando o esporte e, pior ainda, que durante todo esse tempo não foi orientado, não recebeu a devida formação”, alerta Letícia que defende a importância de encorajar os atletas a se tornarem menos dependentes e mais autônomos em suas decisões, sendo imprescindível também que profissionais da Educação Física e do esporte, aliados aos conhecimentos da Psicologia, saibam o que é a síndrome de burnout, como identificá-la e que assim possam saber lidar com ela durante suas atuações. Segundo ela, definir a síndrome dos demais males que possam afetar a vida de um atleta, também é competência do profissional da Educação Física.

Além desses cuidados, Letícia salienta que não é recomendado tratar do burnout sozinho e que não procurar ajuda pode fazer com que o atleta não volte ao alto rendimento, abandone o esporte e até apresente quadros de depressão e ansiedade extrema. “A psicoterapia é sempre a mais indicada. O psicólogo ou psicoterapeuta pode ajudar a encontrar estratégias para aliviar o estresse, a ansiedade e a depressão, que incluirão mudanças de hábitos do dia a dia. Em casos mais graves, pode também indicar um psiquiatra, para tratamento com medicação, através de antidepressivos ou ansiolíticos, informa.

O burnout esportivo no alto desempenho

A necessidade de levar atletas ao limite e conseguir sempre o melhor desempenho pode fazer com que a rotina de treinamentos se transforme em burnout. De acordo com a psicóloga, esse constante aumento dos níveis de resultados esportivos obriga técnicos e atletas a explorarem cada vez mais os limites de rendimento do alto nível de exigência, refletindo no processo metodológico-organizativo. “É muito comum atletas, quando atingem o nível profissional, desistirem do esporte, abandonarem a carreira esportiva. O nível de exigência é tão alto que se um atleta não tiver um acompanhamento psicológico ele não sobrevive.” conta Letícia.

Para quem quer levar o corpo ao máximo, sem sobrecarregar a mente, a profissional explica que é possível, sim, treinar para alta performance sem ultrapassar essa linha. A dica é ficar atento às medidas como estruturação racional do treinamento, periodização de treinos e apoio psicológico. “Cobre-se menos. Foque na satisfação em melhorar e ter a percepção do desenvolvimento, independentemente dos resultados nas competições. Alimente-se de forma adequada. Lembre-se que o descanso faz parte do processo de treinamento. Tenha momentos de lazer e relaxamento. Fale sobre suas emoções e encare os treinos e as competições como momentos alegres”, finaliza.


publicado originalmente por Letícia Capuruço - psicóloga do Esporte e psicóloga clínica, no site www.treinus.com.br