Pesquisa mapeou os locais mais afetados. Quando a dor chega, respeitar os limites do corpo e parar é a melhor forma de evitar problemas.
O caráter prático e democrático da corrida de rua está impondo um novo paradigma aos especialistas da área da saúde: ela ajuda a combater o sedentarismo e sua consequências mais preocupantes – a obesidade e as doenças cardiovasculares –, mas está produzindo uma legião de praticantes que sofrem, às vezes por meses, com dores e lesões em músculos, tendões e ossos.
Joelhos, pés, pernas, tornozelo e coluna são as áreas do corpo mais afetadas por lesões causadas pela corrida, de acordo com um estudo feito pelo Programa de Mestrado em Fisioterapia da Universidade Cidade de São Paulo (UNICID), cujo objetivo era descrever hábitos, características de treinamento e histórico de lesões em 200 corredores que corriam por lazer há pelo menos seis meses.
Na pesquisa, o grupo coordenado pelo fisioterapeuta Alexandre Dias Lopes constatou ainda que os corredores com mais tempo de prática de corrida eram justamente os que apresentavam taxas menores de lesão. Para ele, esse dado indicaria que os mais experientes estariam mais adaptados ao esporte e, entendendo melhor os limites do próprio corpo, estariam mais protegidos de dores e lesões. Já os corredores mais recentes e com maiores índices de lesões estariam vulneráveis pelas razões opostas: despreparo, muitas vezes associado ao exagero.
“A lesão na corrida é sempre multifatorial, mas hoje sabemos que quem corre mais de 50km por semana está mais propenso a lesões do que quem fica dentro desse limite”, diz Lopes.
Outro fator que contribui de forma decisiva para o surgimento de dores e lesões é o aumento súbito na carga de treino, ou seja, acelerar demais o ritmo ou percorrer distâncias muito maiores do que está habituado.
“A pessoa se empolga, vai perdendo peso, ganhando condicionamento, fazendo amigos no esporte e, frequentemente, começa a abusar, se impondo metas que vão muito além do que o corpo consegue suportar”.
Mesmo quem participa de grupos de corrida orientados ou treina individualmente, com um profissional especializado, está livre de riscos. Praticar a atividade física com a supervisão ajuda, e muito, a fugir das lesões mais frequentes. A presença do treinador, no entanto, não consegue inibir o excesso fora dos dias e horários de treino. Além disso, lembra o orientador físico e instrutor do Levitas Velocitá, Everton Casagrande, muitos empolgados literalmente ignoram a dor e seguem em frente, achando que o organismo vai se habituar a ela.
Sentir dor durante a corrida, diz Casagrande, não é algo normal e não deve ser negligenciado. Fortalecer a musculatura envolvida na corrida – não esquecendo o abdome – ajuda a afastar problemas, mas a cautela segue sendo a forma mais eficaz de prevenir o surgimento de lesões. Outra regra de ouro, lembra Casagrande, é fazer um intervalo de descanso entre os treinos.
“Sempre explico aos meus alunos que o descanso é crucial. Durante a corrida os ossos sofrem microfissuras que são regeneradas justamente nesse intervalo em que o organismo descansa do exercício.”
fonte: educacaofisica.combr