segunda-feira, 8 de fevereiro de 2021

Treinar em jejum: 10 perguntas e respostas de nutricionistas

 


Treinar jejum tem sido uma prática cada vez mais comum. Muitas pessoas que seguem dietas como a do jejum intermitente realizam exercícios longe dos períodos das refeições.

Mas, ainda que a prática seja frequente, algumas dúvidas sobre o tema podem surgir. Pensando nisso, selecionamos 10 dúvidas comuns sobre o tema e pedimos para especialistas da área de nutrição responderem. Confira!

1. Treinar em jejum é mais eficiente para queimar gordura?

De acordo com Danilo Balu, bacharel em esporte e consultor em nutrição, inúmeros estudos têm demonstrado que quando estamos em jejum, temos menos reservas de glicogênio por causa dessa falta de alimentação, então, o organismo passa a queimar gordura como combustível.

Por outro lado, é um mito dizer que o treinar em jejum ajuda no emagrecimento. “Ninguém consegue viver em jejum, e quando a pessoa sair desse processo, a tendência é que ela recupere todo o peso perdido e ganhe até mais sobrepeso, como mostram várias pesquisas nessa área”, alerta Bruno Cabrera, Educador Físico, Especialista em Bioquímica, Fisiologia, Nutrição e Desempenho Físico pela Universidade de Campinas (UNICAMP) e idealizador do programa Emagreça Sem Dieta.

2. Qualquer tipo de exercício (corrida, musculação, futebol) pode ser feito em jejum?

“As atividades mais indicas são de endurance (corrida, ciclismo, caminhada, natação etc), uma vez que utilizam prioritariamente a gordura como substrato energético”, aponta Laís Murta, nutricionista.

Porém, é preciso ter um certo cuidado quando iniciar o processo de treino em jejum. Isso porque, para quem está iniciando, o certo é praticar exercícios de menor intensidade como a corrida. “O indivíduo já adaptado pode praticar as modalidades mais intensas, como musculação ou futebol”, ensina Balu.

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3. Que tipo de treino (intensidade) é melhor fazer em jejum? Porquê?

O ideal é que o exercício tenha uma intensidade moderada a baixa, uma vez que treinos muitos pesados (com picos de explosão, por exemplo) ou de força (musculação, crossfit) demandam energia “rápida”, que é fornecida por carboidratos. “Se você não tem carboidratos, terá que quebrar a gordura e a proteína (músculos), processo que ocorre mais lentamente”, afirma Fellipe Savioli, médico do esporte, nutrólogo pela ABRAN (Associação Brasileira de Nutrologia).

4. Treinar em jejum pode afetar a performance?

Sim. Principalmente durante atividades mais intensas ou com maior duração, como um longão de 2h30 para uma maratona, por exemplo. Nesses casos, pode ser que o desempenho seja pouco prejudicado.

Por outro lado, um atleta que tem o hábito de fazer algumas sessões em jejum pode proporcionar ao seu organismo adaptações fisiológicas para utilizar a gordura como substrato energético, poupando glicogênio para momentos determinantes da atividade. “E isto no médio e longo prazo pode afetar o desempenho de uma forma bem-vinda, ou seja, para melhor”, conta Balu.

5. Correr em jejum é perigoso para a saúde?

Para Laís Murta, o risco se dá em pessoas que apresentam quadros de hipoglicemia e pressão baixa, principalmente em treinos muito longos (superiores a 60 minutos). Agora, se esse não for o seu caso, saiba que o corpo tem inúmeros mecanismos para possibilitar a atividade física em jejum. “Um corredor ou praticante que quer começar a treinar sem se alimentar tem que ter apenas bom senso de fazer uma adaptação nos treinos mais longos e/ou mais intensos”, aponta Danilo Balu.

6. Quantas horas devo ficar sem comer para treinar em jejum?

De 6 a 8 horas e no período do dia que quiser. Por exemplo, se você propositadamente não almoça e vai correr à noite (antes do jantar), está treinando em jejum. Se você acorda, não come nada e vai treinar, também estará realizando atividades sem se alimentar.

7. Vou eliminar massa magra se fizer exercícios sem me alimentar?

Bruno Cabrera afirma que sim. Malhar em jejum não usa apenas a gordura do corpo como energia, mas também a massa muscular. Porém, essa questão é muito contraditória, já que Danilo Balu diz que isso tudo é mito. “Músculo é um dos tecidos mais nobres do corpo, por isso mesmo o organismo faz uso de inúmeros mecanismos para preservá-lo em condições especiais, como nos exercícios em jejum”, conta.

8. O treino em jejum precisa ser interrompido depois de um tempo?

Não. “Se o praticante estiver preparado e se sentir bem em não comer nada antes da prática do exercício, essa rotina pode ser feita diariamente, desde que supervisionada por um profissional de educação física e sempre visando o bom rendimento durante a corrida”, afirma Alessandra Scutellaro, nutricionista esportiva da clínica da Patrícia Davidson, no Rio de Janeiro.

9. Qualquer pessoa pode fazer o treino em jejum?

O ideal é que seja praticado por quem já pratica exercícios. Para pessoas sedentárias ou com alguma patologia o mais indicado é que passe por alguma avaliação medica ou nutricional antes de iniciar o treino em jejum.

10. Para quem busca hipertrofia, o treino em jejum pode ser feito sem medo?

Para Danilo Balu, não há resposta fácil para essa pergunta. “A gente precisa entender que nossa massa de gordura é principalmente muito dependente da dieta. Por outro lado, nossa massa muscular é resultado principalmente de treinamento. Jejum é uma questão de dieta, não de treinamento, então ela impacta principalmente nosso tecido adiposo”, esclarece.

Então, se a pessoa quer hipertrofia e a perda de gordura, pode seguir tranquilamente o jejum. Do mesmo modo que indivíduos magros e que buscam ganhar massa também pode fazer. “Porém, se a pessoa é já um indivíduo forte, com baixa taxa de gordura e querendo ficar ainda mais forte eu não recomendaria treinos em jejum. Ficar forte é uma questão de treinar com muita força e comer proteína em quantidade adequada, não sobre fazer ou não jejum”, finaliza Balu.

 

Matéria publicado originalmente no site www.suacorrida.com

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