Ao andar pelas vias públicas de Natal, é comum observar ciclistas transitando por calçadas e entre carros e ônibus. O cenário, apesar de rotineiro, traz grande perigo para aqueles que não têm escolhas para o uso de uma faixa exclusiva na cidade.
Luciano Rocha, pedagogo de 50 anos, é ciclista há quase 10 anos. No início, sua maior motivação foi intercalar a bicicleta com os treinos de corrida para evitar lesões durante os treinos para as meias maratonas. “Depois de um ano pedalando, vi que o ciclismo me dava mais prazer, o risco de lesão era menor e meu desempenho era bem superior que na corrida. Daí passei a focar nos treinos e me desafiar em provas e pedais de longa distância, minha grande paixão”, relata.
O pedagogo tem costume de treinar no anel viário da UFRN ou na Rota do Sol durante a semana devido à distância e ao tempo curto. Já aos finais de semana, ele pedala em trechos mais longos em rodovias e intercala a prática também com trilhas, tanto na Grande Natal quanto nas serras do Rio Grande do Norte e também da Paraíba.
Entretanto, ao ir às ruas com uma nova forma de locomoção, ele percebe que a maior parte das faixas que permitem a locomoção de bicicletas são compartilhadas com os ônibus, além da pouca quantidade de faixas exclusivas e secundárias que permitem o acesso dos ciclistas por toda a cidade.
Por outro lado, Luciano aponta que a capital evoluiu nos últimos anos com a implementação das faixas de uso compartilhado com o transporte público, mas faz ressalvas às infrações de outros motoristas. “Muita gente acha estranho as faixas compartilhadas com ônibus, mas te confesso que é raro um motorista de ônibus que não respeite o ciclista. Os que nos ameaçam são os carros e motos que trafegam na faixa de forma irregular ou os alternativos”, afirma.
Com base no não cumprimento das normas de trânsito por parte dos motoristas de carros e motos, ele e outros ciclistas buscam por outras alternativas, como pedalar às 5h e evitar os horários de trânsito mais intenso e quaisquer transtornos para não sofrer acidentes. Mesmo assim, ao voltar para casa, ele diz que “sempre tem o motorista que não conhece as leis de trânsito e acha que o ciclista está errado em trafegar na mesma via e no sentido dos carros”.
“A semana passada mesmo um carro colou atrás de mim na via costeira e buzinou como se fosse me atropelar. Embora haja uma ciclovia na Via Costeira que pelo fato de ser mal sinalizada os pedestres não respeitam, existe uma regra que se a bicicleta estiver acima de 25 km/h, deve circular na via dos carros mesmo. Os motoristas não sabem disso e ameaçam os ciclistas achando que estamos errados”, conta.
Dessa forma, Luciano diz que o cuidado, não só dele, mas de amigos que andam de bicicleta, são redobrados para que as vias sejam um ambiente seguro, sem riscos de acidentes e imprevistos. “Nos preocupamos com dois tipos de segurança. O primeiro em relação aos assaltos que acontecem e sempre procuramos evitar os locais que esses episódios se repetem. O segundo em relação a nossa segurança no que se refere aos motoristas e motoqueiros que não respeitam os ciclistas e muitos até desconhecem o Código Brasileiro de Trânsito”.
Para evitar os acidentes, Rocha defende que a falta de um trabalho frequente de educação de trânsito, tanto para os motoristas que não respeitam os ciclistas e as faixas exclusivas quanto para os ciclistas que andam na contramão e calçadas, responsável por criar uma visão distorcida dos ciclistas por parte dos outros condutores.
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