A obesidade entre os brasileiros mais que dobrou nos últimos anos. Atualmente, sete em cada dez pessoas estão acima do peso: 34,5% da população apresenta algum nível de obesidade e mais de 9 milhões têm sobrepeso. Os dados do SISVAN (Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional), do Ministério da Saúde, mostram uma condição de saúde pública preocupante.
A obesidade é uma doença multifatorial, mas a escolha dos alimentos é um dos fatores decisivos na hora de controlar a balança. Pensando no que vai à mesa, os alimentos ultraprocessados estão entre os principais vilões. Feitos com ingredientes artificiais, múltiplas etapas de processamento, pobres em fibras, vitaminas e minerais, esses itens estão presentes no dia a dia de milhões de brasileiros.
De acordo com a nutricionista Marcella Oliveira, os refrigerantes, salgadinhos de pacote, biscoitos recheados, macarrão instantâneo e refeições congeladas são alguns exemplos de alimentos ultraprocessados. “Esses produtos se diferenciam dos alimentos in natura ou daqueles minimamente processados, como frutas, verduras, legumes, carnes magras e ovos, que mantêm seus nutrientes essenciais”, explica.
A professora do curso de Nutrição do UniCuritiba diz que o problema dos ultraprocessados não está apenas na pobreza de nutrientes e no excesso de corantes, conservantes e calorias. “Esses produtos são formulados para serem altamente palatáveis, combinando açúcar, sal, gordura e aromatizantes artificiais. Isso ativa a dopamina, neurotransmissor ligado à sensação de prazer e de recompensa, tornando o consumo repetitivo e difícil de controlar”.
Além de favorecer a obesidade, o consumo excessivo dos ultraprocessados está associado a doenças crônicas, como diabetes tipo 2, hipertensão, problemas cardiovasculares e alguns tipos de câncer. O excesso de açúcar e gordura é capaz de desencadear inflamação crônica e resistência à insulina, fatores que contribuem diretamente para o ganho de peso.

| Como fazer escolhas saudáveis A recomendação da nutricionista Marcella Oliveira é que as pessoas sigam a velha máxima de “desembalar menos e descascar mais”. Isso significa priorizar alimentos in natura, cozinhar mais em casa e ler atentamente os rótulos, evitando produtos com listas longas de aditivos químicos e açúcares adicionados. “Trocar lanches ultraprocessados por frutas, castanhas e iogurte natural ajuda a mudar hábitos e a reduzir o impacto dos produtos ultraprocessados na saúde. Para isso, é fundamental trabalharmos na conscientização não apenas dos adultos, mas também das crianças, que são os grandes alvos da indústria alimentícia e podem desenvolver, desde cedo, hábitos de consumo prejudiciais à saúde”, comenta a especialista. O desafio do país Com a obesidade crescendo de forma acelerada no Brasil, a professora do curso de Nutrição do UniCuritiba defende a necessidade de medidas individuais e políticas públicas para frear a tendência. A estratégia passa pela alimentação equilibrada aliada à prática de atividades físicas e ao monitoramento preventivo da saúde. Segundo a nutricionista Marcella Oliveira, essa é a maneira mais eficaz de melhorar a saúde, conter os índices de obesidade, diminuir os riscos de comorbidades e garantir mais qualidade de vida à população. Para os pais, a professora dá mais algumas dicas: escolha opções saudáveis para servir às crianças, evite comprar alimentos ultraprocessados e, principalmente, não deixe esses produtos acessíveis às crianças. |
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