A corrida é, para alguns estudiosos, um dos maiores fenômenos sociais dos últimos cem anos. Como todo fenômeno social acaba gerando um dialeto próprio, é muito comum os praticantes utilizarem um vocabulário específico. Por isso, decidi publicar aqui o dicionário do corredor – com jargões envolvendo treinamento, biomecânica, nutrição, hidratação, equipamentos, vestuário e fisiologia. Acompanhe!
A
Adrenalina: também conhecida como epinefrina, é um hormônio simpaticomimético e neurotransmissor derivado da modificação de um aminoácido aromático (tirosina) secretado pelas glândulas supra-renais. Em momentos de stress, as supra-renais secretam quantidades abundantes desse hormônio, que prepara o organismo para grandes esforços físicos, estimula o coração e eleva a pressão arterial.
Altimetria: representada por gráficos ou mapas, demonstra o relevo dos percursos das provas. Com isso, os atletas podem visualizar as subidas e as descidas que enfrentarão ao longo da corrida.
B
Bater contra o muro: expressão usada por maratonistas que se refere à marca dos 30 km. Após essa distância, a sensação de esforço é tanta que muitos dizem que se assemelha a correr de encontro a uma parede.
BPM: número de vezes que o coração bate por minuto.
C
Caixote: expressão utilizada em algumas regiões do Brasil para designar situações na largada em que os atletas ficam rodeados e não conseguem imprimir desde o início o ritmo que pretendiam.
Canelite: dor na parte anterior da canela, normalmente relacionada ao impacto constante ocorrido durante a prática da corrida, que gera pequenos traumas na região.
Contínuo: método de treinamento em que o atleta corre sem intervalo de recuperação, podendo variar a velocidade com características progressiva, regressiva e variável (fartlek) ou simplesmente mante-lá constante.
Core: região que engloba quadril, abdômen e lombar, é considerada o centro de estabilização e de produção de força do corpo.
D
Défict de oxigênio: retardo do consumo de oxigênio no início do exercício.
E
Educativos: exercícios que ajudam no desenvolvimento da técnica da corrida e no fortalecimento da musculatura dos membros inferiores.
Endorfina: substância produzida pelo cérebro e utilizada pelos neurônios para facilitar a comunicação com o sistema nervoso e outras células do corpo. A endorfina é produzida em resposta à atividade física com intenção de dar prazer e despertar a sensação de euforia e bem-estar.
Escala de Borg: escala alternativa em que o atleta usa a própria sensibilidade para saber a intensidade de esforço durante a prática de atividade física. A tabela é: 7- 8 muito fácil; 9-10 fácil; 11-12 relativamente fácil; 13-14 ligeiramente cansativo; 15-16 cansativo; 17-18 muito cansativo; 18-20 exaustivo.
F
Fartlek: treino contínuo em que o corredor alterna ritmos fortes e leves. O atleta corre o tempo todo, mas aumenta ou diminui a intensidade a cada determinada distância ou tempo.
Frequência cardíaca máxima (FC Máx): valor em BPM da frequência cardíaca máxima em que teoricamente o corredor pode chegar. Também serve para determinar as frenquências cardíacas de diferentes tipos de treinamentos. Pode ser obtida pelo teste esgoespirométrico ou estimada por fórmulas matemáticas.
G
Gasto calórico ou energético: aponta quantas calorias são gastas em um determinado tempo de exercício.
Glicogênio muscular: principal combustível do corpo durante a prática de atividade física. É estocado no organismo com a ingestão de alimentos ricos em carboidratos.
I
Intervalado: método de treinamento em que o atleta corre em intensidade alta durante determinado tempo ou distância e faz um intervalo de recuperação que pode ser ativo (caminhando) ou passivo.
L
Lactato (ácido lático): resíduo metabólico produzido pelo organismo quando uma pessoa se exercita além do limiar anaeróbio. Causa fadiga muscular e diminui a capacidade do corpo de absorver oxigênio.
Limiar de lactato (LL): momento em que o corredor atinge um ponto no qual a taxa de produção de ácido lático é igual à de remoção. Qualquer intensidade a partir dessa dará início ao processo de fadiga.
Longão: treino em que o principal objetivo é a distância percorrida. Costuma ser realizado uma vez por semana, geralmente aos sábados ou domingos, dias em que a pessoa pode dedicar mais tempo ao exercício.
K
Km: sigla para a unidade de medida de quilômetro.
Km/h: unidade física utilizada para medir velocidade, que pode ser entendida como distância percorrida em um intervalo de tempo de 1 hora.
O
Overtraining: também conhecido como sídrome de supertreinamento, ocorre quando o atleta força muito durante os treinos. Os sintomas são parecidos com as consequências naturais de um treinamento forte, mas são crônicos e causam queda no rendimento. O corpo perde a capacidade de se recuperar das sobrecargas sucessivas e entra em pane.
P
Pace: unidade física utilizada para medir ritmo (velocidade) do corredor, que pode ser entendida como intervalo de tempo gasto para percorrer 1 km. Geralmente é expresso em mim/km.
Pacer: conhecido popularmente como Coelho, é o atleta contratado pela organização de uma competição para correr a prova (ou parte dela) em determinado tempo ou velocidade. Serve de referência para os demais competidores.
Percurso: trajeto percorrido ou trajeto da prova, geralmente expresso em quilômetros ou milhas.
Pipoca: pessoa que não fez a inscrição para uma corrida, mas participa da prova mesmo assim.
Pisada neutra: tipo de pisada resultante do arco do pé normal. Durante a corrida, o corredor consegue manter a pisada centrada, não forçando o pé para fora (supinador) nem para dentro (pronador).
Planilha: planejamento ou periodização do treinamento ao longo do mês de acordo com os objetivos do corredor.
Pliometria: exercícios de saltos. O conceito da pliometria baseia-se em exercícios específicos que envolvem o ciclo alongamento/encurtamento da musculatura.
Postos de abastecimento: postos montados ao longo do percurso da prova com água, bebidas esportivas, frutas, alimentos e suplementos alimentares para que os corredores possam se reidratar e repor as energias.
Pronador: corredor cuja pisada tende para a parte interna do pé. Há desde pronadores leves até excessivos.
Q
Quebrar: palavra utilizada quando um atleta perde as forças em determinado momento da prova e não consegue completar a corrida (ou precisa diminuir o ritmo para chegar até o final).
R
Recuperação ativa: momento entre um estímulo e outro durante o treinamento em que o corredor se mantém fazendo exercício com uma intensidade mais baixa do que o estímulo. É ideal para otimizar a capacidade de remoção do ácido lático.
Recuperação passiva: momento entre um estímulo e outro durante o treinamento em que o corredor se mantém parado. É ideal para otimizar a resistência a altas concentrações de ácido lático.
Rodagem: treinos leves usados com função regenerativa.
Runaholic: pessoa viciada em corrida.
S
Sobrecarga: aumento na intensidade (velocidade) ou duração (tempo ou distância) do exercício.
Supinador: corredor que apoia a parte externa (de fora) do pé com mais intensidade durante a passada.
Suplementação: nutrientes ingeridos por meio de comprimidos ou shakes com orientação professional. São utilizados para a melhora do desempenho esportivo.
T
Tempo-run (treino de ritmo): tempo em que um atleta percorre uma distância pré-determinada em ritmo contínuo e intensidade de moderada a alta.
Tendinite: inflamação de um tendão. A principal causa é o esforço repetitivo a que o tendão é submetido durante a corrida. É uma das patologias mais comuns entre corredores.
Teste ergoespirométrico: teste que tem como objetivo mensurar o VO2 máximo e os limiares aeróbico e anaeróbico. É utilizado um analisador de gases que fica acoplado por meio de uma máscara ao rosto do corredor.
Teste ergométrico: teste cujo objetivo é avaliar o comportamento das respostas do sistema cardíaco durante o esforço. Esse teste é fundamental para a liberação do indivíduo para a prática esportiva.
Tiro: tipo de treino intervalado composto por uma sucessão de esforços intensos intercalados por períodos de recuperação.
Trail running: corrida em montanhas, trilhas, desertos ou qualquer tipo de terreno que seja acidentado.
Treinamento físico: desenvolve o condicionamento geral ou específico visando atingir a máxima performance em um determinado espaço de tempo.
Treinamento funcional: exercícios que atuam em vários planos e eixos ao mesmo tempo e, assim, desenvovem força, coordenação, equilíbrio e reistência de forma global.
Treino de limiar: treino com intensidade alta, próxima do limiar anaeróbico.
Treino regenerativo: treino leve que geralmente é realizado no dia posterior a um treino intenso.
U
Ultramaratona: prova com distância superior a 42 km. A BR 135 é a mais longa ultramaratona do Brasil, com 217 km.
V
Velocidade crítica: máxima velocidade que o corredor pode manter por um período indeterminado de tempo.
Vmáx: velocidade máxima de contração da fibra muscular.
VO2 máximo: volume máximo de oxigênio que o corpo consegue consumir durante o exercício físico. É um indicador de potencial de um atleta e pode ser melhorado com os treinos. Cada indivíduo tem seu limite natural.
Z
Zonas-alvo: limites mínimo e máximo de intensidade preconizados para o treino com o objetivo de obter a máxima performance.
publicado originalmente no site www.suacorrida.com