A atividade física combate a maioria das doenças
crônicas que comprometem a saúde dos brasileiros
Os dados são preocupantes: cerca de 40% da
população brasileira (o equivalente a mais de 57 milhões de pessoas) possui,
pelo menos, uma doença crônica não transmissível (DCNT), revela Pesquisa
Nacional de Saúde (PNS). Ainda de acordo com o levantamento feito pelo
Ministério da Saúde, em parceria com o Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatísticas (IBGE), essas doenças, que envolvem a hipertensão arterial, o
diabetes, os problemas na coluna, o colesterol e a depressão, são responsáveis
por mais de 70% das mortes no país. Mas esse jogo pode virar. Bastam algumas
mudanças na rotina. Uma delas é correr. Isso mesmo! O esporte pode ajudar a
prevenir e combater praticamente todos os problemas crônicos de saúde. Confira.
Hipertensão
Arterial
A doença se
dá quando veias e artérias se contraem ou perdem a capacidade de se dilatarem.
Isso eleva a resistência para a passagem do sangue e aumenta a pressão
sanguínea. Como o vasos do nosso corpo são recobertos internamente por uma
camada muito fina e delicada, eles podem entupir ou romper caso o fluxo forte
seja constante. Dependendo da região em que ocorrer o problema, a pessoa pode
sofrer infarto, acidente vascular cerebral (AVC), insuficiência renal… “A
hipertensão arterial pode ter diversos fatores, mas, na maioria das vezes, é a
genética que prevalece. Por isso, quem possui parentes com a doença necessita
de maior atenção”, alerta Celso Amodeo, cardiologista e especialista em
hipertensão do Hospital do Coração (HCor), em São Paulo. Além da questão
genética, indivíduos sedentários e que seguem um cardápio nada saudável, com
muito consumo de sal e gorduras, também estão mais propícios a desenvolver a
doença.
Proteja-se
com a corrida: Além de manter uma alimentação balanceada,
fazer atividade física regularmente é uma das chaves para você ficar longe da
hipertensão. O exercício ajuda a manter o peso sob controle, reduz o estresse e
a frequência cardíaca em repouso, fatores diretamente ligados ao surgimento da
doença. “A corrida ainda otimiza a ação de hormônios que controlam o sistema
cardiovascular. Por tudo isso, propicia redução da pressão arterial, do açúcar
no sangue e melhora o perfil dos lipídeos no sangue (colesterol e
triglicérides)”, aponta Amodeo.
Diabetes
Tipo 2
A doença
ocorre quando a insulina (hormônio fabricado no pâncreas) produzida pelo corpo
se torna insuficiente para normalizar a concentração de glicose na corrente
sanguínea. “A insulina é responsável por promover a entrada do açúcar (glicose)
nas células”, esclarece Renato Zilli, endocrinologista do Hospital Sírio
Libanês, em São Paulo. Geralmente, a diabetes tipo 2 acontece após o 30 anos de
idade e está associada à genética, obesidade e ao sedentarismo. Se não for
controlado, o problema pode levar a outras complicações como infarto, derrame,
alterações na visão e nos nervos. “Muitos males que surgem em decorrência do
diabetes estão entre as principais causas de morte no país”, alerta Zilli.
Proteja-se
com a corrida: Durante o exercício, seu corpo utiliza a
glicose como combustível, o que ajuda a reduzir o nível de açúcar no sangue.
Além disso, o treino aumenta a sensibilidade celular à insulina (ou seja, o
corpo precisa de menor quantidade do hormônio para levar a glicose para dentro
das células). “A atividade física tem um efeito sobre o metabolismo da glicose
por até 24 horas. De modo geral, nas pessoas com diabetes e glicemias abaixo de
300 mg/dL, o exercício diminui imediatamente a taxa de açúcar e melhora o
controle da doença em longo prazo”, conta Zilli. Segundo o médico, o ideal é
realizar pelo menos 30 minutos de atividade física por dia, cinco vezes por
semana.
Colesterol
Alto
Normalmente,
essa alteração se dá em pessoas sedentárias, com dietas ricas em alimentos
gordurosos ou com histórico de problema na família. “Manter o colesterol ruim
(LDL) elevado por muito tempo pode desencadear doenças cardiovasculares, AVC,
doenças nas artérias dos membros inferiores e insuficiência renal”, aponta
Celso Amodeo.
Proteja-se
com a corrida: Estudos demonstram que o treinamento físico
regular melhora o perfil de lipídios no sangue. Ou seja, diminui o LDL e
aumenta o HDL (colesterol bom). “Isso também tem impacto na redução da
aterosclerose, com consequente diminuição do risco cardiovascular”, acrescenta
o cardiologista.
Dores na
Coluna
O principal
problema nas costas que acomete os brasileiros é a chamada lombalgia. “Essa dor
pode ser apenas resultado de uma contratura muscular na região da lombar ou
indicativo de algo mais grave, como uma hérnia de disco ou desalinhamento das
vértebras”, alerta Ana Camila Gandolfi, neurocirurgiã especializada em
neurocirurgia do esporte e colunista do SUA CORRIDA.
A
Organização Mundial da Saúde (OMS) acredita que ao menos 80% da população
mundial teve ou vai ter dor nas costas alguma vez na vida. “O sedentarismo
crescente e ao hábito de ficar o dia todo sentado têm uma contribuição
expressiva para o aumento do problema”, aponta Ana.
Proteja-se
com a corrida: Quando aliada a uma alimentação saudável, a
corrida combate o sobrepeso, um dos fatores que contribuem consideravelmente
para a lombalgia. Também fortalece a musculatura do core (formado pelo abdome,
pelo quadril e pela lombar), o que previne incômodos na região. Além disso,
promove a sensação de bem-estar, relaxamento e diminuição do estresse,
reduzindo tensões que podem gerar dores nas costas. “Porém, é bom lembrar que,
junto com a corrida, é importante fazer musculação. Isso porque, apenas a
corrida não é suficiente para o fortalecimento do core e o impacto do esporte
pode até agravar os problemas de coluna”, alerta Ana Camila.
Depressão
É
considerada um distúrbio afetivo. As pessoas com o problema se sentem muito
tristes por um longo período de tempo e/ou sem motivo aparente, não têm vontade
de fazer nada, ficam desinteressadas, sofrem com alterações no sono e na
alimentação…
As causas
para a depressão podem ser diversas: relacionamentos, trabalho, família etc.
Além disso, existem alguns fatores que podem influenciar como personalidade do
indivíduo, formação emocional e histórico na família. “Atualmente, cerca de 19%
da sociedade tem depressão e não há campanhas para tratamentos e orientação”,
afirma Yuri Busin, psicólogo e diretor do Centro de Atenção à Saúde Mental –
Equilíbrio (CASME), em São Paulo.
O problema é
bastante preocupante. Com o tempo, as pessoas depressivas que não passam por
tratamento podem começar a perder o que conquistaram e até sentir vontade de
tirar a própria via, pois não têm mais interesse nem energia para viver. “Esse
desânimo, humor deprimido, indecisão, sentimentos de medo, insegurança e
pessimismo irão atrapalhar o cotidiano do indivíduo, causando diversos
prejuízos”, explica Busin.
Proteja-se
com a corrida: “A atividade física aumenta a produção de
endorfina. Essa substância aumenta a sensação de bem-estar e ajuda a relaxar, o
que minimiza os sintomas da depressão.” Além disso, o esporte estimula o
convívio social, o relacionamento com as pessoas, ajuda a fazer novos amigos e
a criação de metas para o futuro. Ou seja, a pessoa volta a enxergar diversos
novos sentidos para a vida.
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