Existe
um erro conceitual que, de certa forma, é “consagrado pelo uso”. É comum
associar um bom condicionamento físico a uma boa capacidade pulmonar, como já
tivemos oportunidade de abordar nesta coluna. A razão desta associação
diz respeito ao fato de captarmos oxigênio pelos pulmões e, consequentemente,
relacionarmos nossa capacidade de utilizar oxigênio para produzir energia com a
capacidade deles.
Claro
que a captação de oxigênio pelos pulmões é fator determinante na produção de
energia. Entretanto, este não é o fator limitante da nossa aptidão física. Em
indivíduos saudáveis, o coração e sua capacidade de bombear sangue é que
limitam a chamada aptidão aeróbica.
Se
tivéssemos aumento de vasos sanguíneos nos pulmões, como acontece nos músculos
em decorrência do treinamento, teríamos uma melhora significativa da nossa
aptidão aeróbica. Infelizmente, temos que aceitar que o treinamento não
proporciona este benefício. O treinamento pode condicionar melhor os músculos
esqueléticos da caixa torácica, podendo retardar o que se chama de fadiga dos
músculos respiratórios.
A
capacidade de captação de oxigênio nos pulmões não melhora com o treinamento,
levando ao conceito que pode parecer estranho de que os pulmões “não são
treináveis”. Certamente, esta regra não vale para pacientes portadores de
problemas pulmonares, que podem resgatar uma melhor capacidade de captação de
oxigênio com o treinamento da função respiratória.
A melhora
de aptidão aeróbica depende da melhora de vários sistemas fisiológicos dos
quais a bomba cardíaca é o fator limitante. Por mais que possa parecer
estranho, nos indivíduos saudáveis, os pulmões não se adaptam ao
treinamento.
Texto
de TURÍBIO BARROS - Mestre e Doutor em
Fisiologia do Exercício
Fonte:
Globoesporte.com / EuAtleta.com
Nenhum comentário:
Postar um comentário