Para a maioria dos participantes em competições superiores a três quilômetros, a forma como se percorrem os primeiros mil metros vai ter repercussões fundamentais no resultado que se vier a obter, Na realidade, levados pelo entusiasmo que se vive nos momentos que antecedem o tiro, a maioria dos corredores assume um comportamento irreal nos primeiros metros da sua corrida, o que acaba por se traduzir numa partida em ritmo forte e muito acima as capacidades competitivas do atleta.
O problema é que quanto mais longa for a Competição, maior será a fatura a “pagar” no que toca ao tempo cronométrico.
Para combater este erro, o qual, como referimos, está diretamente relacionado com a euforia dos primeiros momentos, o atleta, para além de tentar partir calmo, deve verificar o tempo que demorou a percorrer o primeiro quilometro da sua competição.
Claro que não é fácil aperceber-se do ritmo de passada que está a utilizar na fase inicial da corrida, mas o acerto, a tomada de consciência do andamento, deverá surgir logo à passagem do primeiro quilometro e nunca mais tarde.
Tomemos o exemplo de um corredor que vai efetuar uma competição de 10.000 metros, em estrada, e visa uma marca a rondar os 38’30, o que vai equivaler a que cada quilometro seja percorrido ao ritmo-uniforme de 3’50.
Ao tiro, ou melhor, quando passou o risco oficial de partida, teve o cuidado de acionar o seu cronometro pessoal. Volvidos o primeiro quilometro verifica que despendeu 4’12’, ou seja, há que acelerar e tentar imprimir um ritmo próximo do seu objetivo de 3’50 por cada fração de 1.000 metros.
Note-se que esta aceleração não pode, nem deve, ser brusca, pois isso iria contribuir para um dispêndio excessivo de energias.
Não, a aceleração deve ser gradual, aos poucos, para que se possa atingir o ritmo de passada desejada não logo mas, digamos, ao cabo de 500/600 metros. Se estivermos perante uma situação inversa, a mais frequente. em que o corredor venceu o primeiro quilometro, por exemplo, em 3’30, há que imprimir um ritmo mais lento, também de maneira gradual, e isso mesmo no caso de sentir grande facilidade no desenrolar da corrida.
Se se estipulou que o objetivo possível era de 38’30, há que seguir, tanto quanto possível “à risca”, a tabela de tempos de passagem esquematizada, digamos, pelo menos durante os dois terços da quilometragem competitiva. Depois, depois, se houver forças, há muito espaço para que no último terço da competição se possam ganhar muitos bons segundos. Isto, repetimos, se ainda existirem forças para isso!”.
O problema é que a experiência diz-nos que, regra ‘geral, o que vai acontecer é o inverso. Partida rápida. primeiro quilometro de “suicida”. o não acerto do ritmo na primeira passagem dos 1.000 metros.
O continuar de ritmos excessivos e o último terço da competição a ser percorrido muito penosamente e já sem reservas energéticas … Como resultado, urna classificação e um tempo final aquém das reais capacidades do atleta. Portanto, mesmo que os primeiros metros sejam de festa, de euforia, o atleta consciente de um bom desenrolar fisiológico do esforço deve preocupar-se em ‘tornar o tempo ao primeiro quilometro, tentar acertar o ritmo de passada pela sua própria tabela de tempos de passagem.
Quando chegar ao segundo quilometro e efetuar idêntico controle é muito provável que o ritmo já esteja certo e que as perdas energéticas dos primeiros metros, com os apertões da partida, já estejam compensados .
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