Quem nunca assistiu em programas esportivos atletas correndo na esteira com uma máscara entre o nariz e a boca? Esta avaliação é conhecida como Teste Ergoespirométrico, onde é analisada de forma direta (sem o uso de equações matemáticas estimativas) a quantidade de Oxigênio inspirada e o quanto de gás carbônico foi eliminado do organismo.
A diferença entre os testes “Ergométrico” e “Ergoespirométrico” é que o primeiro é feito através de equações matemáticas já citadas acima, sendo assim uma forma indireta de avaliação.
Como um importante método para auxiliar na programação dos treinamentos e avaliar a evolução do condicionamento físico, o Teste Ergoespirométrico tem a função de avaliar, classificar o nível de aptidão física atual e o comportamento cardíaco frente ao esforço físico máximo do indivíduo, fornecendo dados como o Consumo Máximo de Oxigênio (VO2 Máximo), Limiares Aeróbio e Anaeróbio, Freqüências Cardíacas e gasto calórico correspondentes, que são essenciais para aperfeiçoar o aproveitamento cardiovascular.
Com isso, vamos tentar entender as principais variáveis analisadas no Teste Ergoespirométrico.
1) Consumo Máximo de Oxigênio (VO2 Máximo)
Por definição, VO2 Máximo é a quantidade máxima de Oxigênio que o indivíduo consegue captar do ar, transportar pela circulação até os músculos para a realização do metabolismo.
Ele é representado pelo produto da Freqüência Cardíaca, do Volume Sistólico (volume de sangue bombeado pelo coração a cada contração dele) e da quantidade de oxigênio captada pelos músculos.
Como característica, o VO2 Máximo é determinado geneticamente pode ser modificado pelo treinamento. Entretanto, estes valores decrescem com o aumento da idade, fazendo com que a capacidade aeróbia diminua. Apenas com a realização de atividades predominantemente aeróbias (caminhada, corrida, ciclismo, natação remo, etc.), os valores do VO2 Máximo atrasam esta redução.
2) Limiares Aeróbio e Anaeróbio
Numa prova onde temos 2 atletas com o mesmo valor de VO2 Máximo (o que não é difícil de acontecer), como saberemos qual destes corredores será o vencedor?
A resposta certa é aquele que tiver valores dos Limiares Aeróbio e Anaeróbio maior, que fará com que ele trabalhe próximo aos valores do VO2 Máximo.
Então, vamos entender o significado de Limiar Aeróbio e de Limiar Anaeróbio:
Quando estamos parados ou caminhando lentamente, conseguimos captar bastante oxigênio e não nos sentimos ofegantes (isso porque a quantidade de um produto caracterizado pelo aumento da fadiga- conhecido como lactato- é baixa e consegue ser totalmente removida no sangue pelo pulmão, fígado e coração).
À medida que aumentamos a velocidade, a nossa capacidade de captar o oxigênio começa a diminuir e a concentração de lactato a aumentar.
Quando quantidade de lactato produzido pelo músculo é igual a quantidade de remoção dele, encontramos o Limiar Aeróbio (também conhecido como Limiar 1).
A partir do momento em que a produção do lactato for maior do que a sua remoção, atingimos o Limiar Anaeróbio (ou Limiar 2) e a fadiga começa a aparecer.
Para termos adaptações positivas com o treinamento aeróbio, a zona-alvo de treinamento deve ser entre as velocidades, valor de Freqüência Cardíaca e o gasto calórico dos Limiares Aeróbio e Anaeróbio.
Com isso, podemos dizer que uma pessoa sedentária atingirá os Valores do VO2 máximo e dos Limiares Aeróbio e Anaeróbio antes de uma pessoa ativa.
3- Um exemplo prático de Teste Ergoespirométrico
Bom, chega de teoria e vamos à prática.
Abaixo, veremos um gráfico de um Teste Ergoespirométrico de um corredor de 65 anos, que concluiu 4 maratonas. Mostraremos a Frequência Cardíaca, Consumo Máximo de Oxigênio (VO2 Máximo) e a velocidade apresentada pelo atleta citado, e, através deste exemplo, ajudaremos a interpretar as intensidades de treinamento do atleta.
Abaixo, veremos um gráfico de um Teste Ergoespirométrico de um corredor de 65 anos, que concluiu 4 maratonas. Mostraremos a Frequência Cardíaca, Consumo Máximo de Oxigênio (VO2 Máximo) e a velocidade apresentada pelo atleta citado, e, através deste exemplo, ajudaremos a interpretar as intensidades de treinamento do atleta.
De acordo com o gráfico:
- No ritmo de AQUECIMENTO OU DESAQUECIMENTO de um treino (Intensidade 1), o atleta treinará com a Freqüência Cardíaca até 114 BPM e/ou numa velocidade de 8 km/h (equivalente a, aproximadamente, 7’30” min/km).
- No ritmo LEVE (Intensidade 2), o corredor treinará com a Freqüência Cardíaca entre 114 e 120 BPM e/ou numa velocidade entre 8 e 9 km/h (equivalente a, aproximadamente, 7’30” min/km e 6’40”min/km). É neste ritmo onde atingimos o Limiar Aeróbio.
- No ritmo MODERADO (Intensidade 3), a Freqüência Cardíaca se apresentará entre 120 e 152 BPM e/ou numa velocidade entre 11,1 e 13 km/h (equivalente a, aproximadamente, 6’40” min/km e 5’00”min/km). É neste ritmo onde atingimos o Limiar Anaeróbio.
- Acima dos valores da Intensidade 3, o ritmo de treino/prova é considerado FORTE, e esta será trabalhada em atividades de, no máximo, 3 minutos (até este tempo, ocorre o predomínio do metabolismo anaeróbio, cuja quantidade de oxigênio é baixa).
Para apresentar um excelente resultado na prova desejada e atingir um ótimo condicionamento físico durante os treinos, não deixe de solicitar ao médico uma guia para realizar o Teste Ergoespirométrico a cada 3 meses. Com este exame, você e seu treinador saberão como o seu corpo está reagindo com os treinamentos e provas, e onde poderão chegar com estes valores
Fonte: http://www.runningnews.com.br/
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