Se você pratica corrida e/ou triathlon há pelo
menos um ano, já deve ter sentido alguma dor ou incômodo em músculos, tendões e
articulações. Por exemplo, lesões no joelho são as mais comuns em corredores e
ciclistas, enquanto as lesões no ombro acometem muito mais os nadadores. Na
maioria das vezes achamos que as dores são causadas por excesso de treinamento,
seja em intensidade ou volume.
Além disso, normalmente o tratamento convencional
delas se resume a diminuir a dor e a inflamação, sem de fato encontrar a origem
do problema. Aliás, quando a dor some, pensamos que o problema se resolveu por
completo, somente para meses depois percebermos que o problema voltou no
momento em que retornarmos ao treinamento com carga total. Quando isso acontece
a sensação de desânimo chega a ser devastadora. É muito comum o atleta
perguntar-se: Mas, por que logo eu? O que estou fazendo errado? E a pior das
perguntas é: Será um dia essa dorzinha irá desaparecer de vez?
Na verdade, há muito mais informação do que o
atleta “comum” tem acesso. Infelizmente ainda trata-se o sintoma e não a causa,
principalmente quando o atleta toma antiinflamatórios por conta própria e reduz
seu treinamento por um determinado período. Entretanto, deveríamos adotar um
procedimento básico e, principalmente, preventivo. A prevenção é mais barata,
mais fácil e mais simples do que parece.
Do que estou falando? Refiro-me à uma avaliação
postural ortopédica. Todavia, muita calma nessa hora. Cuidado com as avaliações
de academia! Estou sugerindo uma avaliação feita por um fisioterapeuta do
esporte, isto é, o profissional mais habilitado a executar este procedimento
tão importante para prevenir e tratar lesões.
Diversas pesquisas indicam que desvios posturais e
baixos níveis de flexibilidade estão sempre associados ao aparecimento da
grande maioria das lesões. Em muitos casos, o treinamento inclusive aumenta o
desvio postural e encurta mais ainda os músculos, aumentando a chance de que
venha aparecer uma lesão. Portanto, o melhor que se tem a fazer é procurar a
indicação de um fisioterapeuta do esporte ANTES de lesionar-se e buscar uma
avaliação postural ortopédica. Garanto que este investimento será mais útil do
que aquele par de tênis que você cobiçando há dois meses.
A avaliação postural analisa não somente regiões
isoladas do corpo, como pés, tornozelos, joelhos, quadris e coluna, mas
principalmente as “cadeias” do corpo humano. Isso mesmo, cadeias. O corpo
funciona de forma integrada, através de diversas cadeias, anterior, posterior,
cruzadas, etc.
Assim, quando alguma região apresenta-se
“desalinhada”, todo o restante é afetado. Por exemplo, um incômodo na região
lombar geralmente não se limita à baixa flexibilidade desta região. Pelo
contrário, músculos encurtados na região do quadril (Íliopsoas), região
posterior da coxa (Ísquitibiais) e região lombar (paravertebais), associados à
fraqueza no reto abdominal e no glúteo máximo geralmente compõem o quadro.
O tratamento de lesões também deve ser precedido
por uma análise postural. De nada adianta tratar a dor, se não se sabe ao certo
a sua origem. Aliás, o tratamento convencional, à base de gelo e de
antiinflamatórios, ondas curtas e outras técnicas analgésicas são meros
coadjuvantes. O principal consiste em buscar um reequilíbrio postural, visando harmonizar
o alinhamento das cadeias e , principalmente, obter uma reeducação postural e
maior consciência corporal.
Atualmente o fisioterapeuta utiliza-se de diversas
técnicas para prevenir e tratar lesões : RPG, Rolfing, GDS, entre outras. Em
muitos casos, o tratamento requer uma combinação entre as diversas técnicas,
mas o principal é que o profissional em questão seja um especialista do esporte
e , de preferência, um atleta como você.
À esta altura, você deve estar achando que sou
fisioterapeuta e que estou propaganda do meu negócio, certo? Pois não é nada
disso. Sou apenas um treinador consciente de minhas limitações. A ciência do
esporte evoluiu muito e tenho tido experiências de muito sucesso na prevenção e
reabilitação de diversos atletas. Sei que treinar é muito prazeroso e
desafiador e nada me incomoda mais do que ver atletas impossibilitados de
praticar as atividades que lhes proporciona tanto bem-estar.
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