sexta-feira, 18 de março de 2016

Musculação aumenta o desempenho do corredor? Os mitos dessa frase falada por todos


Musculação, crossfit, treinamento funcional, pilates e core training são técnicas bem difundidas de fortalecimento que muitas vezes são “vendidas” como solução, para melhorar o desempenho e evitar lesões do corredor e triatleta.
Vamos analisar o quanto isso é verdadeiro e diferenciar uma da outra, pois existe uma supervalorização quando se fala em fortalecimento de abdômen, o que de certa forma pode atrapalhar o rendimento e até mesmo levar a lesões.
A musculação sempre que bem executada é uma solução simples e prática para o fortalecimento dos músculos e na maior parte dos casos, dá a sensação de maior segurança durante a corrida. Sem dúvida isto ajuda a evitar lesões, por preparar o tecido muscular para aguentar cargas de maior intensidade, mas apesar de o aparelho direcionar o movimento e parecer pouco perigoso existem alguns pontos não tão favoráveis.
Quando mal orientada a musculação pode causar desequilíbrios musculares e impactos articulares levando a lesões. Outro ponto contra é o fato de ser uma atividade de baixa especificidade para corrida, pois se sabe que no treinamento de qualquer função é importante o desenvolvimento de padrões neurais, que favoreçam a atividade principal.
Atividades mais dinâmicas como crossfit, pilates e treinamento funcional podem ser moldadas para desenvolver competências físicas mais específicas para a corrida e triathlon, por serem técnicas que estimulam padrões neurais complexos e pela diversidade de treinos possíveis. Estes são treinamentos que podem aumentar ainda mais a performance dos atletas comparado a musculação, mas devemos considerar alguns cuidados.
O conceito do core training e do pilates, ou seja, de desenvolver a região de abdômen considerando-o como uma caixa de proteção, “power house”, segundo algumas linhas de pilates, se baseia no fato de que ao fortalecermos os músculos profundos do abdômen (M. Transverso do abdômen), profundos da lombar (M. Multifídios), assoalho pélvico (M. Períneo) e tendo o diafragma como teto (músculo respiratório), teremos uma caixa de força com otimização da estabilidade do segmento tronco-pelve, o que teoricamente protege as estruturas articulares de estresses em suas estruturas.
A verdade é que segundo estudos realizados nos últimos anos, tem-se comprovado que o fato de o abdômen ser mais forte ou mais fraco, não interfere na tendência de ter dores lombares ou de desenvolver melhor desempenho. O que é ressaltado como relevante é o equilíbrio muscular, a proporcionalidade perfeita entre os músculos, a especificidade dos treinos e a mobilidade articular.
O excesso de fortalecimento de músculos abdominais pode causar uma solicitação da cadeia muscular oposta (músculos da lombar) para compensar, o que vai cada vez mais provocar uma compressão dos discos intervertebrais e consequente dor. Isso pode ser ainda agravado pelas lipoaspirações e abdominoplastias, muito comuns mesmo entre corredores.
A dica é manter o equilíbrio muscular com atividades bem direcionadas pelo professor ou fisioterapeuta e seguir uma alimentação equilibrada para estimular a digestão saudável. Massagear o abdômen é uma dica interessante também, pois diminui estas retrações e estimula o intestino a funcionar melhor, na dúvida de como fazer esta massagem sempre consulte um fisioterapeuta.

Claudio Cotter- graduado em Fisioterapia pela Universidade Cidade de São Paulo UNICID

www.webrun

 


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