por Evaldo D. Bósio Filho
No último dia 8 de julho de 2012,
estive acompanhando atletas que participaram da Meia Maratona e da Maratona
Internacional do Rio de Janeiro.
O clima estava próximo do ideal
para buscar recordes e melhorar marcar pessoais. Horas antes, a cidade do Rio
de Janeiro foi coberta para uma fina chuva e, minutos depois da largada, uma
forte chuva tomou conta da cidade, baixando mais a temperatura e trazendo para
o participante um frio indesejado.
Para fugir do frio, muitos
atletas largaram sem um prévio aquecimento, o que ao final da prova pude
constatar que foi um grande erro. Foi o elevado número de pessoas com cãibras e
dores musculares, o que seria atípico pela temperatura da prova, que chamou a
minha atenção, visto que normalmente as cãibras são mais comuns em temperaturas
mais quentes. Mas a falta de um aquecimento prévio pode ocasionar fadiga
muscular levando a cãibras e dores musculares.
As cãibras por definição são:
lesões ou condições transitórias que geram uma forte contração muscular
involuntária e dolorosa, causando assim um espasmo muscular.
Geralmente acomete atletas
durante ou após atividade física de alta intensidade, podendo ocorrer também
durante o sono ou repouso, quando a musculatura permanece em posição de
encurtamento.
Dentre as causas que podem levar
a uma cãibra muscular podemos citar:
• Treinamento excessivo;
• Falta de aquecimento;
• Déficit de equilíbrio muscular (alongamento e fortalecimento);
• Má nutrição e hidratação antes e após a atividade física;
• Exercícios de alta intensidade realizados sobre o calor intenso provocam suor
e diurese, causando desidratação corporal, que vai influenciar diretamente na
diminuição na taxa de cálcio, sódio, potássio e magnésio do corpo, causando um
desequilíbrio iônico (perda de eletrólitos).
Esse desequilíbrio iônico leva a
degradação das proteínas musculares responsáveis pela contração muscular. Essa
degradação vem seguida de fadiga muscular que transforma-se em contração
espasmódica e dolorosa.
A cãibra é de fácil diagnóstico
clínico. O atleta pode apresentar dores intensas e localizadas, enrijecimento
muscular e perda momentânea de mobilidade. Em atletas de corrida, as cãibras
acometem principalmente os músculos da panturrilha, posteriores de coxas e em
alguns casos até os músculos abdominais podem ser afetados.
O diagnóstico é eminentemente
clínico. O atleta pode apresentar dores intensas e localizadas, associadas ao
enrijecimento muscular e perda momentânea de mobilidade em virtude das dores.
Elas não apresentam rupturas ou lesões nas fibras musculares.
Algumas estratégias básicas podem
e devem ser utilizadas para prevenção durante as corridas. Entre elas podemos
citar: atenção ao treinamento e primeiros sinais de cansaço (fadiga muscular);
trabalhos prévios de aquecimento e desaquecimento; trabalho prévio de
alongamento; correta hidratação; e uma dieta balanceada.
O tratamento depende da gravidade
da cãibra. Geralmente após atividade física o fisioterapeuta que acompanha a
equipe ou atleta pode realizar alongamento da musculatura acometida, gerar
estímulos para contração ativa da musculatura contrária (antagonista) ao
músculo acometido (agonista) e relaxamento da musculatura acometida com recursos
de massoterapia, termoterapia e eletroestimulação.
Após o pronto atendimento durante
o evento esportivo, oriento o atleta a manter repouso por até 36hs e só após
esse período retornar aos treinamentos de forma gradativa.
Alguns casos mais graves, onde a dor é persistente e vários
episódios de cãibra são observados durante o dia, é aconselhado o afastamento
das atividades e um programa de fisioterapia é indicado para a resolução do
problema, além de seguir em acompanhamento pela equipe interdisciplinar com
médico, fisioterapeuta, nutricionista e educador físico.