A relação é simples e bastante óbvia.
Quanto maior a distância percorrida em uma prova, maior será o tempo
gasto pelo atleta para cruzar a linha de chegada. No entanto, muitos
corredores parecem não dar a mínima para essa equação, e quase sempre
correm além da metragem oficial de uma competição – talvez por
desconhecerem como são medidos os percursos –, perdendo um tempo
precioso.
Explicando melhor: Os percursos das
corridas são medidos pelo trajeto mais curto que um atleta pode
percorrer na prova. As curvas são sempre feitas da forma mais fechada
possível, rente à guia da calçada. Quando há uma sequência de curvas, é
traçada uma linha reta entre os pontos da tangência. Assim, para manter o
traçado certo, é importante o atleta se manter ligado e prever as
mudanças de lado que fará no percurso, para se posicionar bem e evitar
momentos bruscos em cima da hora, pois cruzar a pista de repente na
frente de outros corredores é arriscado e pode até causar acidentes.
Outra coisa que facilita fazer os
contornos de forma correta é analisar o percurso antes da prova e
memorizar os lados das curvas.
Um exemplo: um corredor com pace de 5
min/km perde 30s para cada 100 metros a mais que precisa correr em uma
competição. Na maratona, alguns atletas chegam a percorrer até 2 km além
da distância oficial da prova por não se preocuparem em fazer o traçado
correto. Isso representa uma diferença de 10 minutos no resultado
final.
Entenda quilômetro por quilômetro em três passos
1 – A aferição do percurso de uma corrida de rua é trabalhosa e repleta de detalhes. A medição é feita com um instrumento chamado clane jones –
uma espécie de marcador de passos -, que é instalado no garfo da
bicicleta. A primeira coisa a ser feita é calibrar o instrumento. Uma
linha reta de 300 metros é medida no chão com uma fita métrica – no
mundo existem apenas duas marcas homologadas para isso – e percorrida
algumas vezes com a bicicleta, para saber quantos passos são contados no
clane jones nessa distância.
2 – A tarefa seguinte é
percorrer com a bicicleta o trajeto da corrida – que é projetado antes
pelo organizador da prova – e marcar quilômetro por quilômetro.
Geralmente, isso é feito de madrugada, pois nem sempre é possível fechar
o trânsito pelo tempo necessário para executar o serviço. No final, é
realizada uma nova calibragem do clane jones, já que a dilatação do pneu
altera a regulagem do aparelho, e calcula-se uma média com os números
obtidos na calibragem inicial.
3 – Mas, não acaba por
aí. Para concluir a certificação do percurso junto à CBAT (Confederação
Brasileira de Atletismo) ou a IAAF (Federação Internacional de
Atletismo), é necessário fazer um relatório detalhando quilômetro por
quilômetro, o mapa completo do trajeto e o perfil altimétrico do
percurso.
A certificação de uma prova vale por
cinco anos e precisa ser refeita quando um recorde é batido na
competição ou é feita qualquer alteração no trajeto. Toda corrida
internacional ou com premiação em dinheiro precisa ter seu percurso
certificado pelas entidades oficiais do atletismo.
Blue Line
Nas competições oficiais da Federação
Internacional de Atletismo e em grande parte das principais corridas de
rua do exterior, os organizadores pintam no asfalto uma linha azul que
marca o trajeto exato percorrido durante a aferição do percurso. Se o
atleta correr o tempo todo sobre essa faixa azul, fará todas as curvas
com a tangente perfeita e percorrerá a distância exata da prova.
Geralmente, essa marcação é traçada com uma tinta à base de água que
desaparece alguns dias após a competição. O site da Maratona de Nova
York revela que são usados 75 galões de tinta azul para pintar a linha
no percurso da prova.
(Matéria publicada na revista O2 nº103, novembro de 2011)
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