sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Como se calcula o trajeto numa prova: aprenda a economizar tempo na corrida


 

 
A relação é simples e bastante óbvia. Quanto maior a distância percorrida em uma prova, maior será o tempo gasto pelo atleta para cruzar a linha de chegada. No entanto, muitos corredores parecem não dar a mínima para essa equação, e quase sempre correm além da metragem oficial de uma competição – talvez por desconhecerem como são medidos os percursos –, perdendo um tempo precioso.

Explicando melhor: Os percursos das corridas são medidos pelo trajeto mais curto que um atleta pode percorrer na prova. As curvas são sempre feitas da forma mais fechada possível, rente à guia da calçada. Quando há uma sequência de curvas, é traçada uma linha reta entre os pontos da tangência. Assim, para manter o traçado certo, é importante o atleta se manter ligado e prever as mudanças de lado que fará no percurso, para se posicionar bem e evitar momentos bruscos em cima da hora, pois cruzar a pista de repente na frente de outros corredores é arriscado e pode até causar acidentes.

Outra coisa que facilita fazer os contornos de forma correta é analisar o percurso antes da prova e memorizar os lados das curvas.

Um exemplo: um corredor com pace de 5 min/km perde 30s para cada 100 metros a mais que precisa correr em uma competição. Na maratona, alguns atletas chegam a percorrer até 2 km além da distância oficial da prova por não se preocuparem em fazer o traçado correto. Isso representa uma diferença de 10 minutos no resultado final.

Entenda quilômetro por quilômetro em três passos
1 – A aferição do percurso de uma corrida de rua é trabalhosa e repleta de detalhes. A medição é feita com um instrumento chamado clane jones – uma espécie de marcador de passos -, que é instalado no garfo da bicicleta. A primeira coisa a ser feita é calibrar o instrumento. Uma linha reta de 300 metros é medida no chão com uma fita métrica – no mundo existem apenas duas marcas homologadas para isso – e percorrida algumas vezes com a bicicleta, para saber quantos passos são contados no clane jones nessa distância.

2 – A tarefa seguinte é percorrer com a bicicleta o trajeto da corrida – que é projetado antes pelo organizador da prova – e marcar quilômetro por quilômetro. Geralmente, isso é feito de madrugada, pois nem sempre é possível fechar o trânsito pelo tempo necessário para executar o serviço. No final, é realizada uma nova calibragem do clane jones, já que a dilatação do pneu altera a regulagem do aparelho, e calcula-se uma média com os números obtidos na calibragem inicial.

3 – Mas, não acaba por aí. Para concluir a certificação do percurso junto à CBAT (Confederação Brasileira de Atletismo) ou a IAAF (Federação Internacional de Atletismo), é necessário fazer um relatório detalhando quilômetro por quilômetro, o mapa completo do trajeto e o perfil altimétrico do percurso. 
A certificação de uma prova vale por cinco anos e precisa ser refeita quando um recorde é batido na competição ou é feita qualquer alteração no trajeto. Toda corrida internacional ou com premiação em dinheiro precisa ter seu percurso certificado pelas entidades oficiais do atletismo.

Blue Line
Nas competições oficiais da Federação Internacional de Atletismo e em grande parte das principais corridas de rua do exterior, os organizadores pintam no asfalto uma linha azul que marca o trajeto exato percorrido durante a aferição do percurso. Se o atleta correr o tempo todo sobre essa faixa azul, fará todas as curvas com a tangente perfeita e percorrerá a distância exata da prova. Geralmente, essa marcação é traçada com uma tinta à base de água que desaparece alguns dias após a competição. O site da Maratona de Nova York revela que são usados 75 galões de tinta azul para pintar a linha no percurso da prova.

(Matéria publicada na revista O2 nº103, novembro de 2011)

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